segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Diante de um herói

Ontem às 2 da tarde, quando voltávamos da Igreja na Freguesia, estávamos parados no trânsito para pegar a Avenida Ayrton Senna quando eu ouvi tiros.  Olhei para onde o som vinha e avistei do outro lado do canal um policial tentando se proteger atrás das árvores enquanto bandidos de cima dos telhados apontavam e atiravam sem medo.  Preocupada com minha filha, gritei para o meu marido que estava distraído e não percebeu a situação.  E, apressando para que ele andasse logo e nos tirasse daquele lugar que poderia ser o próximo alvo, vi um policial saindo de uma viatura andando resoluto em direção ao tiroteio.

Era domingo hora do almoço.  Provavelmente a família daquele homem estaria reunida e ele trabalhando.  Mas ele não estava caminhando para servir alguém em um restaurante ou tratar alguém em um hospital.  Sem nenhuma demonstração de hesitação e até com pressa, ele estava indo ajudar aquele colega que já estava no sufoco.  Comparei a coragem dele diante de algo tão difícil com o meu trabalho de funcionária pública onde eu ganhava bem mais do que ele só para mexer com papel e fiquei pensando na coisa estapafúrdia que é ser policial no Rio de Janeiro.  Orei por eles que estavam ali dando suas vidas para nos proteger.  E desde aquela hora o meu coração está cheio de gratidão e admiração por essas pessoas que arriscam suas vidas todos os dias.



Toda semana a gente recebe notícias negativas contra a polícia do Rio de Janeiro: acusações de racismo, truculência, corrupção.  Sei que a maioria é verdadeira mesmo! Mas uma pessoa que se propõe fazer o que eu vi aquele homem fazer ontem só pode ser doido ou santo.  E como santos são poucos, acredito que a gente tinha mais é que acolher e direcionar esses loucos dos quais nossa vida, nosso trabalho e todos os nossos outros direitos dependem.  Me senti culpada por todas as acusações que eu ouvi até hoje contra essas pessoas sem nunca tê-las defendido.  Eles erram sim... Enquanto nós, tão mais sensatos, jamais nos colocaríamos na situação que eles enfrentam diariamente.

Eu tinha ouvido naquela manhã na Igreja: "Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos" (João 15:13)  E ali, no andar daquele homem, eu vi a palavra ganhar vida.



terça-feira, 23 de agosto de 2016

Os cachos do exemplo

É, o blog anda meio devagar.  Depois de excelentes contribuições que fizeram muito sucesso, não tive mais submissões de artigos ao blog.  E como a vida anda em um ritmo frenético, me senti justificada em deixar o assunto quieto por um tempo.  No entanto, o Espírito tem testificado no meu coração neste tempo de uma maneira muito forte que eu preciso ser um exemplo também neste assunto.

Esse ser modelo para alguém às vezes requer de mim mais trabalho do que eu gostaria.  Veja o meu cabelo por exemplo: desde que me casei tenho aderido às escovas e chapinhas pela praticidade.  Só quem tem cabelo crespo sabe como é não ter o direito de desembaraçar o cabelo sem antes lavar e condicionar e, claro, manter um penteado apoiada em um arsenal de finalizadores, óleos e afins.  Nem passava mais pela minha cabeça voltar a essa vida pois considero que existe muita coisa com as quais me importo mais!  Até que percebi que minha filha mais velha deu para reclamar do seu cabelo e dizer que não gostava mais dele.  O cabelo dela não é crespo como o meu, mas é bastante volumoso e tem muitos cachos de um tom castanho claro um tanto avermelhado que ganha muitos elogios por onde passa.

Nessas horas que a gente se descobre realmente mãe!  Vendo que a atitude de manter o meu cabelo natural se tornara uma questão de ensinar minha filha a se amar do jeito que ela é, deixei a praticidade de lado e estou naquela luta diária com o espelho que eu esperava nunca mais travar.  Na verdade isso só foi possível porque nos últimos seis meses não fui feliz em nenhum cabelereiro e estava justamente naquela hora decisiva em que retornaria ao meu antigo.  Acontece que desde o primeiro dia em que deixei o secador de lado, a menina não comenta mais nada sobre o seu cabelo. Às vezes reparo nela se admirando no espelho e se sentindo a garota linda que ela é.



Pensando justamente nisso, lembrei-me de quando nos batizamos na Igreja e minha vó ficou muito preocupada com essa nova religião que entrara na nossa vida.  Orando e preocupada, ela comentou com uma irmã na congregação dela que acalmou o seu coração.  Acontece que essa irmã era vizinha de uma família mórmon e tinha uma relação de amizade com eles.  Ela contou para minha vó que sempre que precisavam viajar deixavam a chave da casa com ela para que molhasse suas plantas.  Pela maneira que aquela família cuidava e mantinha seu lar, ela sabia que eles eram verdadeiros discípulos de Jesus Cristo e que a minha vó não tinha com o que se preocupar.

Essa família fez um grande bem para a minha e tenho certeza que eles nem suspeitam disso.  Sua vida foi a própria "carta de Cristo", "escrita, não com tinta, mas o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração" (2 Cor 3:3).  Espero que de alguma forma, a constância em testificar sobre a eficácia dos ensinamentos do Salvador na minha vida mostre algo para minha família e para os meus amigos que eu mesmo não sei o que é.