Ontem às 2 da tarde, quando voltávamos da Igreja na Freguesia, estávamos parados no trânsito para pegar a Avenida Ayrton Senna quando eu ouvi tiros. Olhei para onde o som vinha e avistei do outro lado do canal um policial tentando se proteger atrás das árvores enquanto bandidos de cima dos telhados apontavam e atiravam sem medo. Preocupada com minha filha, gritei para o meu marido que estava distraído e não percebeu a situação. E, apressando para que ele andasse logo e nos tirasse daquele lugar que poderia ser o próximo alvo, vi um policial saindo de uma viatura andando resoluto em direção ao tiroteio.
Era domingo hora do almoço. Provavelmente a família daquele homem estaria reunida e ele trabalhando. Mas ele não estava caminhando para servir alguém em um restaurante ou tratar alguém em um hospital. Sem nenhuma demonstração de hesitação e até com pressa, ele estava indo ajudar aquele colega que já estava no sufoco. Comparei a coragem dele diante de algo tão difícil com o meu trabalho de funcionária pública onde eu ganhava bem mais do que ele só para mexer com papel e fiquei pensando na coisa estapafúrdia que é ser policial no Rio de Janeiro. Orei por eles que estavam ali dando suas vidas para nos proteger. E desde aquela hora o meu coração está cheio de gratidão e admiração por essas pessoas que arriscam suas vidas todos os dias.
Toda semana a gente recebe notícias negativas contra a polícia do Rio de Janeiro: acusações de racismo, truculência, corrupção. Sei que a maioria é verdadeira mesmo! Mas uma pessoa que se propõe fazer o que eu vi aquele homem fazer ontem só pode ser doido ou santo. E como santos são poucos, acredito que a gente tinha mais é que acolher e direcionar esses loucos dos quais nossa vida, nosso trabalho e todos os nossos outros direitos dependem. Me senti culpada por todas as acusações que eu ouvi até hoje contra essas pessoas sem nunca tê-las defendido. Eles erram sim... Enquanto nós, tão mais sensatos, jamais nos colocaríamos na situação que eles enfrentam diariamente.
Eu tinha ouvido naquela manhã na Igreja: "Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos" (João 15:13) E ali, no andar daquele homem, eu vi a palavra ganhar vida.
Gostei muito!!
ResponderExcluirVisão positiva e sensata.
Nós que somos mães sabemos como nossa rotina é difícil mas como é fácil ser criticada. Se víssemos os outros também com menos crítica e mais empatia, poderíamos encorajar e transformar vidas.
Obrigada por compartilhar!
Oi, Elô! Obrigada por comentar! Penso que como mãe não gostaria de ter um filho ou marido fazendo isso. É muita entrega dessas pessoas e por isso elas realmente merecem nossa gratidão! Isso não é carta branca pra fazer o que quiser, mas sim um apoio e reconhecimento.
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