segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Vergonha para quê?

Um dos insultos que sempre me chamaram atenção é o de sem-vergonha.  Especialmente porque a cada dia que passa eu tenho visto que a coisa que eu mais preciso é não ter exatamente isso.  Não sei quem inventou essa história de que a vergonha serve para alguma coisa.

Não me entenda mal:  não estou dizendo que não devemos ter uma bússola moral, ao contrário.  Só acho que a vergonha é paralisadora em todos os sentidos, não só na hora de fazer o que não devemos. Até porque, em um mundo de valores invertidos, é mais comum a gente se sentir censurado por fazer o que é bom do que aquilo que é mau.  Se a minha única motivação é pensar no que os outros pensam, é mais provável que eu enfie o pé na jaca do que me torne alguém centrado.  É triste mas é verdade!



E se eu já estava pensando nesse assunto, ontem a aula da escola dominical só reforçou a minha necessidade de compreender melhor esse assunto.  Aprendemos que os justos são aqueles que, entre outras coisas, desprezaram a vergonha do mundo (2 Néfi 9:18).  E eu fui especialmente tocada pela professora que contou sua experiência como mãe que é constantemente criticada por sua escolha de ter os filhos que sentiu o desejo de ter. 

Como mães somos alvo de críticas diárias.  Na maioria dos lugares que passamos tem alguém que sabe tudo sobre crianças e a vida.  No Rio de Janeiro temos um agravante cultural: como não temos estações bem marcadas e está sempre quente mesmo, controle de natalidade parece ser um quebra-gelo de elevador e filas melhor do que o tempo.  Assim, é frequente me deparar com desconhecidos que querem saber se eu quero ter mais filhos. Já testei as duas respostas para testar a minha teoria: se eu digo que sim, me chamam de louca e começam a dizer o quanto é impossível ter três filhos.  Se eu digo que não, são duas possibilidades: ou vão me dizer o quanto eu deveria tentar ter um menino ou que era melhor eu não ter mesmo porque provavelmente é outra menina.

Eu poderia simplesmente ignorar as pessoas, mas eu escolhi ser simpática.  Sempre respondo e até me divirto mais tarde lembrando dessas conversas sem pé nem cabeça que a gente tem por aí.  Acho que a campeã da semana passada foi quando me viram com as duas crianças e me perguntaram se as minhas filhas eram gêmeas (uma com 5 e outra com dois anos). 

O fato é que desprezar a vergonha tem sido uma ponte para as pessoas que eu jamais imaginei que pudesse existir.  Quando ignoro o que pensam ao meu respeito, me sinto mais próxima delas.  Principalmente, quando não penso na vergonha diante de Deus e substituo isso por temor, sinto mais vontade de orar e buscar a aprovação de Deus.  E de uma maneira muito pessoal começo a entender a situação de Cristo quando disse:

"Disseram-lhe, pois, os fariseus: Tu testificas de ti mesmo; o teu testemunho não é verdadeiro.
Respondeu Jesus, e disse-lhes: Ainda que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei de onde vim, e para onde vou; mas vós não sabeis de onde venho, nem para onde vou.
Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém julgo."
João 8:13-15


Ele sabia quem Ele era e não se importava com o que pensavam Dele sem conhecer.  Que ensinamento perfeito!  Espero conseguir colocar em prática em breve!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Dois anos de Alegria!

Nesse carnaval minha pequena fez dois anos de idade.  Meu coração é cheio de gratidão por tudo o que essa pequena representa na minha vida.  Ela foi muito esperada e desejada! Desde que chegou mudou minha vida de maneiras que eu jamais poderia imaginar.  Eu, que já era mãe, achava que o nascimento dela seria uma experiência incremental ao que eu já tinha vivido com a primeira.  Ledo engano!

Ser mãe é algo maravilhoso desde o primeiro filho, é verdade.  O que eu não suspeitava antes de ter a segunda é que mais um filho não era uma questão de multiplicar por dois. Era o que todo mundo falava para mim antes, mas acho que é porque só me contavam sobre o quanto custa ter mais um.  O que descobri, no entanto, é que mesmo as despesas não dobram, porque muito se compartilha. Agora o trabalho e o amor... Ah, esses aumentam de forma geométrica!  Eu sou tão feliz de ser mãe de uma menina tão amorosa e paciente, tão alegre e organizada, tão linda e descolada.  Ela, sempre apaixonada pela mais velha, era exatamente o que eu pedi a Deus: uma amiga para minha primogênita que a acompanhará por toda vida.  É tanta admiração que me enlouquece querendo fazer tudo o que a mais velha faz.  Haja disposição para manter seguro um toco de gente com a destreza de dois anos fazendo coisas de uma criança de seis!

Vivi uma dessas aventuras duas semanas antes do aniversário dela em uma casa de festas celebrando o aniversário da filha de um casal de amigos. Ela quis ir no brinquedão atrás da mais velha, e lá fui eu descalça pelas brincadeiras com ela.  No alto do brinquedo tinha um tobogã bem grande e com cara de muito legal e ela queria muito entrar.   Pronta para ouvir a choradeira, suspirei fundo e pensei pegando a sapeca no colo: "ela é pequena demais para isso".  Meu pensamento foi imediatamente respondido por outro: "ela é pequena demais apenas para ir sozinha".


Reconhecendo a voz do Senhor naquelas palavras, fui com ela no tobogã.  Ela ficou radiante!  E me fez repetir a saga do brinquedão diversas vezes.  E enquanto fazia isso, o Senhor me mostrou que é isso que Ele faz comigo.  Realmente, a minha vida tem coisa demais para uma pessoa só!  Mas justamente por isso, Ele nunca permitiu que isso acontecesse.  Ele sempre está perto.
"Ouvi-me, ó casa de Jacó, e todo o remanescente da casa de Israel; vós a quem carrego desde o ventre, e levo nos braços desde a madre.  E até à velhice eu serei o mesmo, e ainda até às cãs eu vos carregarei; eu o fiz, e eu vos levarei, e eu vos carregarei, e vos alivrarei."
Isaías 46:3-4

Minha vida tem muitas coisas boas, mas de longe a melhor delas é ter olhos para ver a mão de Deus sobre tudo o que eu faço.





segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

9 Anos!

Hoje acordei com a lembrança de que essa semana eu completo 9 anos de casada.  É impressionante pensar quanta coisa aconteceu e mudou nesse tempo.  Na verdade o sentimento é de muita gratidão porque de certa forma as coisas foram muito melhores do que a gente esperava.

Acho que tanto eu quanto o meu marido tínhamos medo de virar gente grande de verdade: como bons representantes da geração Y, nós sofríamos de síndrome de Peter Pan.  Mas a gente queria muito ficar junto e nos lançamos de olhos fechados.  E claro, nos ralamos aqui e ali, tanto que a sensação às vezes é de estar constantemente esfolados.  Depois que se entra nesse mundo de contas a pagar e comida pra fazer, as coisas nunca mais são as mesmas.



O fato é que casando ou não, essa hora chegaria.  Acredito que tudo o que Deus faz é perfeito em propósito.  Quando Ele disse que não era bom que o homem estivesse só, Ele certamente tinha em mente todas as dificuldades que enfrentamos aqui.  Não que sobreviver em si seja um desafio em tempos de comida congelada e água encanada.  Mas é que Ele não nos colocou aqui para simplesmente existir.  Como disse o Pregador:

 Há um que é só, e não tem ninguém, nem tampouco filho nem irmão, e de todo o seu trabalho não  fim, nem o seu olho se farta de riquezas, nem diz: Para quem trabalho eu, e privo a minha alma do bem? Também isso é vaidade e enfadonha ocupação.
 Melhores são adois do que um, porque têm melhor bpaga do seu trabalho.
Porque se vierem a cair, um levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só, pois, caindo, não haverá outro que o levante.
Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um  como se aquentará?
E se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.
Eclesiastes 4:8-12 
Lembro-me de passar alguns dias com esse último versículo indo e voltando na minha cabeça.  O pregador começa falando sobre dois, mas a corda é de três!  De três porque o casamento entre um homem e uma mulher é uma sociedade que veio do coração de Deus para nos tornar mais próximos Dele.

É claro que alguém vai lembrar de todos os casamentos infelizes, de fachada, violentos, por interesse e tantas outras variações que nós pecadores inventamos.  O fato é que casar-se apenas não significa uma união com Deus, mas isso não implica que não podemos ter um relacionamento em que Ele está participando.  E não estou falando de um casal perfeito que nunca briga.  Esse casal pode até existir, mas não mora na minha casa!

Em nossos desafios e fraquezas, a sensação que eu tenho é de profunda gratidão por ter uma família e a convicção de que se permanecermos neste caminho ela será eterna.  Fomos selados para o tempo e para a eternidade na Casa do Senhor e recebemos filhas angelicais para cuidar.  E esse é o sonho mais lindo que eu já realizei.