terça-feira, 23 de junho de 2015

A Cor do Poder de Deus

Sempre me impressiono com a sagacidade que é concedida as mães.  A curiosidade da criança é algo que não tem fim e as respostas parecem saltar da nossa boca.  No ano passado, minha filha estava muito interessada em desenhos de fadas heroínas que lutavam contra o mal. Cada fada tinha um poder especial de fazer certas coisas e cada uma delas tinha uma cor; ela sabia todas por nome e características.  

Um dia de manhã, quando acabamos de ler a Bíblia juntas, ela me perguntou muito séria qual seria a cor do poder de Deus.  Eu prontamente respondi que a cor era branca e ela me perguntou como eu sabia aquilo.  Pude então contar para ela das visões do profeta Joseph Smith no Bosque Sagrado e do anjo Morôni deixando a sua curiosidade satisfeita.  Ela parecia muito empolgada de saber que o poder de Deus também tinha cor!

Talvez uma semana depois, não muito mais nem muito menos do que isso, enquanto eu arrumava as coisas para levá-la para a escola, ela me perguntou:

 Mamãe, estamos atrasadas?

 Sim

 E você não está estressada?

 Não.

 Ah!  É que Deus mandou poder pra você, né?  E aí você não fica mais estressada quando a gente se atrasa!

Fiquei impressionada com a profundidade da observação da minha pequena.  Eu realmente estava orando naqueles tempos exatamente por paciência na hora de sair.  Ela é uma criança muito complicada de tirar de casa!  Ela protesta o tempo inteiro em cada passo da arrumação.  E com um bebê de meses sendo amamentado era uma loucura todos os dias.

Muitas vezes a gente esquece que o poder de Deus pode nos capacitar para vencer os desafios de nossa vida.  Tentamos resolver as coisas sozinhos sem buscar a ajuda que está a nossa disposição. Agindo assim perdemos a oportunidade de ter experiências maravilhosas ao sentir o apoio e o amor de um Deus que deseja estar presente na nossa rotina.  Falando ao povo em Corinto, o Apóstolo Paulo esclareceu:


E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder;
Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.
1 Coríntios 2:4,5


Toda vez que penso em agir com o poder de Deus, eu me lembro da história de Alma e os filhos de Mosias no Livro de Mórmon.  Porque, como Paulo, eles buscaram ter o poder de Deus para ensinar seus irmãos a seguir o Salvador Jesus Cristo.  Embora eu aja em uma esfera de influência muito menor, i.é. o povo aqui de casa, a receita que eu procuro seguir é a mesma que eles.

Ora, esses filhos de Mosias estavam com Alma na ocasião em que o anjo lhe apareceu pela primeira vez; portanto Alma se regozijou muito por haver encontrado seus irmãos; e o que o alegrou ainda mais foi que eles ainda eram seus irmãos no Senhor; sim, e haviam-se fortalecido no conhecimento da verdade; porque eram homens de grande entendimento e haviam examinado diligentemente as escrituras para conhecerem a palavra de Deus.Isto, porém, não é tudo; haviam-se devotado a muita oração e jejum; por isso tinham o espírito de profecia e o espírito de revelação; e quando ensinavam, faziam-no com poder e autoridade de Deus.
Alma 17:2-3
Adoro pensar que tudo o que eles conseguiram realizar foi consequência de três hábitos que até mesmo eu posso me comprometer em fazer: estudar as escrituras, orar, jejuar. Coisas tão simples e ao alcance de todos tornando inócua qualquer desculpa.  Esses grandes pregadores do Evangelho de Jesus Cristo tinham o Espírito e por isso possuíam o poder de Deus.

Sempre foi assim e continua sendo.  Toda vez que alguém é convidado a agir em nome do Senhor, Ele requer que seja um esforço espiritual e não intelectual, físico, financeiro, ou qualquer outro rótulo que possamos dar a essa atribuição.  Mesmo que a tarefa seja aparentemente intelectual, física, financeira ou o que for.  A Sidney Gilbert, um dos primeiros missionários dos nossos tempos, o Senhor ordenou:

Toma sobre ti minha ordenação, sim, a de élder, para pregares fé e arrependimento e remissão de pecados, de acordo com minha palavra, e o recebimento do Espírito Santo pela imposição de mãosD&C 53:3 
Eu sou tão grata por esse dom maravilhoso que é o de ter a companhia do Espírito Santo. Especialmente agora que eu sou mãe, consigo notar claramente a direção, a força e a capacidade que recebo que vai muito além dos meus próprios atributos.  Nem quero pensar como seria a minha vida e a das minhas filhas sem acesso a essa fonte de ajuda que nunca se esgota!  

Sem sombra de dúvidas, o maior presente que a maternidade me deu foi perceber o poder de Deus colorindo a minha vida diariamente.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Eu e o Sonho de Leí

Existem dias especiais na nossa vida que nos marcam profundamente.  Eu sempre vou me lembrar do dia em que cheguei ansiosa na casa da minha vó para contar para ela tudinho que eu tinha aprendido na Igreja.  Desde então se passaram 20 anos, mas eu me lembro bem do meu vestido novo por cima de uma blusinha nova bem branquinha e até das sandálias que eu usava naquele dia.  Era o primeiro mês em que frequentaria a Igreja.  Eu ainda não era membro, mas já tinha recebido todas as palestras dos missionários.  Já éramos convidados para todos os eventos da Igreja.  Eu já amava meus novos amigos e aquela minha nova fé que me trazia tanta satisfação.

Eu não queria nem esperar minha vó terminar de fazer o almoço.  Enquanto ela cozinhava, eu já comecei a falar a história todinha.  E que história tão empolgante era essa?  Era o Sonho de Leí, que se encontra no capítulo 8 de 1 Néfi, no Livro de Mórmon, e vai da página 15 até a 18.  Recomendo fortemente a leitura, que se encontra no link abaixo:

https://www.lds.org/scriptures/bofm/1-ne/8?lang=por

Nessa história, o profeta Leí relata aos seus filhos um sonho em que ele encontra uma árvore, cujo fruto "era mais desejável que qualquer outro fruto" (1 Nefi 8:15).  Esse fruto encheu sua alma de alegria e ele imediatamente sentiu o desejo de que sua família também participasse dessa maravilhosa sensação.  Então ele procurou sua família ao redor e acenou, convidando para viessem e junto com ele se alegrassem.

Só que não era coisa simples chegar nessa árvore: ela estava no final de um caminho estreito e apertado.  Ao lado desse caminho tinha um rio de águas e do outro lado dele, um grande e espaçoso edifício, cheio de pessoas bem vestidas, apontando e rindo de quem tentava prosseguir.  Havia uma névoa de escuridão "tão densa que os que haviam iniciado o caminho se extraviaram dele e, sem rumo, perderam-se" (1 Néfi 8:23).  



Apesar de todas essas dificuldades, era possível chegar até a árvore porque havia uma barra de ferro, como um corrimão que guiava até a árvore.  Com muito esforço e se agarrando a essa barra, muitos conseguiram chegar e partilhar do fruto.   Todos os que conseguiram caminharam dessa maneira, ignorando a zombaria dos que estavam do outro lado do rio, conseguiram experimentar do fruto.

Após ouvir esse maravilhoso sonho, Néfi, filho do profeta, decidiu perguntar a Deus que o ajudasse a entender o sonho.  A resposta que o Espírito do Senhor lhe deu se encontra nos capítulos 11 e 12 do Livro de Mórmon, que vai da página 21 a 26.  E como é uma leitura que eu também recomendo, coloco mais esse link.

https://www.lds.org/scriptures/bofm/1-ne/11?lang=por

Na minha cabecinha de 13 anos, eu nem percebi que eu me sentia exatamente como Leí.  Eu fui no carro contando a história para os meus pais e minha irmã.  Corri para dizer que história fantástica eu tinha acabado de aprender.  Foi nesse dia que eu decidi começar a ler o Livro de Mórmon e desde então tenho o lido uma vez atrás da outra, junto com a Bíblia.

Sem mesmo eu notar, me tornei como as pessoas do sonho de Leí que seguravam com toda a sua força na barra de ferro.  Só que diferente deles, muitas vezes eu me abalei com as zombarias das pessoas bem vestidas lá do grande e espaçoso edifício.  Felizmente, através do arrependimento, consegui permanecer no caminho apesar dos eventuais tropeços e outros pequenos acidentes.

Recordar o dia em que aprendi essa maravilhosa história enche o meu coração de emoção.  Consigo lembrar da cozinha da minha vó, dos cheiro da sua comida e da alegria que ela sentia em me ver.  Eu estava tão feliz e a minha vó também. Os olhos dela se encheram de lágrimas ao ouvir o que eu contava e sentiu assim como eu, que aquela história maravilhosa era uma revelação de Deus.  Apesar de nunca ter se batizado na Igreja, sei que ela acreditou assim como eu que os ensinamentos que eu estava recebendo vinham Dele.  

Vai ser maravilhoso o dia em que eu encontrar com minha vó novamente e a gente puder relembrar juntas esses dias felizes em que Ela me ensinou a amar a Deus de toda força e a seguir os sentimentos que Deus colocou em meu coração

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Menos tolerância e mais amor

Em meio aos acontecimentos noticiados e discutidos na mídia essa semana, decidi dar uma olhada no que os servos de Deus ensinam sobre tolerância.  E encontrei uma citação do Elder Boyd K Packer que me deixou bastante intrigada:

“A palavra tolerância não existe sozinha. Exige um objeto e uma reação para qualificá-la como virtude. (…) A tolerância é frequentemente cobrada, mas raramente retribuída. Cuidado com a palavra tolerância. É uma virtude muito instável.”

Quando um profeta de Deus fala que eu devo tomar cuidado com algo, eu me coloco em alerta.  Então busquei no dicionário o significado da palavra tolerância e a lição que eu aprendi foi muito maior do que eu antecipava.

sf (lat tolerantia1 Qualidade de tolerante. 2 Ato ou efeito de tolerar, de admitir, de aquiescer. 3 Direito que se reconhece aos outros de terem opiniões diferentes ou até diametralmente opostas às nossas. 4 Boa disposição dos que ouvem com paciência opiniões opostas às suas. 5 Disfarce ou dissimulação a respeito de uma coisa proibida. 6 Permissão concedida ao estudante militar para frequentar a cadeira ou disciplina em que foi reprovado. 7 Pequenas diferenças para mais ou para menos, legalmente permitidas no peso ou no título das moedas. Sociol Atitude social de quem reconhece aos outros o direito de manifestar diferenças de conduta e de opinião, mesmo sem aprová-las. T. civil:permissão concedida pelo governo para uso de cultos que não são do Estado. T. eclesiástica: o mesmo que tolerância teológica. T. medicamentosa:aptidão para suportar doses exageradas de uma substância, ou suportá-la por muito tempo. T. política: atitude do governo ou partido político que admite a existência de outros partidos que não concordem com seus princípios. T. religiosa: atitude governamental em que se concede plena liberdade de culto.T. teológica: condescendência em consentir todas as opiniões que não são abertamente contrárias à doutrina da Igreja.

Consultado em 11/06/2015 
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=tolerante


Me surpreendi ao descobrir que ser tolerante na verdade é um espectro que vai do respeito e reconhecimento a um pensamento diverso do seu até o admitir e consentir ao que se opõe a própria convicção.  Não é a toa que perde-se tanto tempo nesse bate-boca de quem é ou não tolerante.  E então, como ficamos nós?

O Elder Dallin H. Oaks usou o exemplo de Cristo como a perfeita ilustração do que é esperado de nós no mundo em que vivemos hoje.

"Nosso Salvador aplicou esse princípio. Ao se deparar com a mulher apanhada em adultério, Jesus proferiu estas consoladoras palavras de tolerância: “Nem eu também te condeno”. Depois, ao despedi-la, ele proferiu estas autoritárias palavras de verdade: “Vai-te, e não peques mais” (João 8:11). Todos nos edificamos e fortalecemos com esse exemplo de tolerância e verdade: bondade na comunicação, mas firmeza na verdade."
Consultado em 11/06/2015 
https://www.lds.org/broadcasts/article/ces-devotionals/2011/01/truth-and-tolerance?lang=por

Compare isso com as atitudes que a maioria de nós tem se engajado.  Se de um lado temos os cristãos que apedrejam, o que é fácil de identificar como um problema, temos um novo grupo igualmente preocupante.  São aqueles que no lugar de Cristo sacariam seu iphone, tirariam uma foto da mulher sendo apedrejada, escreveriam um post cheio de compaixão ou até mesmo revolta e voltariam para casa considerando seu trabalho acabado.  Eles não tem a disposição de fazer o que Cristo fez: em primeiro lugar, defender o oprimido e depois de convidar a mudar sua condição.

Talvez seja por isso que Cristo não nos disse "tolerai-vos uns aos outros".  Porque a tolerância é uma virtude muito mais confortável, que não exige um posicionamento que nos coloque em apuros de qualquer natureza.  Quando Ele nos pede que amemos uns aos outros, Ele nos convida a fazer algo por aquele que sofre.

Ao invés de tolerar nossos familiares, amigos e vizinhos de outras convicções, nós precisamos amá-los.  Aquela sua parente de outra religião deve ter certeza que você cristão pode cuidar de seu filho pequeno quando ela precisar.  Aqueles seus vizinhos gays precisam saber que podem contar com você para aquele açúcar que faltar.  E principalmente, não devemos nunca nos calar diante da injustiça e dos maus tratos contra qualquer semelhante.

Com tudo isso, para ser amor de verdade, não basta acudir.  É preciso se posicionar e fazer conhecido nosso apreço pela crença no Cristo Vivo.  Todas as pessoas que nos conhecem precisam igualmente saber que nossas boas obras e capacidade de servir derivam de uma profunda devoção pelo nosso Deus e autor de nossa felicidade.  Eles precisam saber a fonte desse amor que norteia nossas ações.

Por isso eu digo: menos tolerância e mais amor.  Tolerância não ajuda ninguém.  Amor, ao contrário, consola o coração sofrido e convida a vir a Cristo.






sexta-feira, 5 de junho de 2015

Opiniões e suas verdades

Um assunto que sempre me interessou é o da verdade.  O que é?   Quando posso estar certa de alguma coisa?  Será que alguém pode chamar algo de certo?  O Senhor disse: "E a verdade é o conhecimento das coisas como são, como foram e como serão" (D&C 93:24).  Apesar de não ser filósofa, penso nessas palavras e gosto da ideia de que fatos são verdades.  

Opiniões, por outro lado, mudam.  Quando eu era adolescente todos usavam óculos escuros pequenos e riam das fotos dos nossos pais e dos acessórios da década de 1980.  Hoje todos os meus amigos tem óculos enormes inspirados justamente neles.  Escolhi este exemplo mas tenho centenas outros para ilustrar como diariamente vivemos "essa metamorfose ambulante" de Raul Seixas.  

Usando o critério revelado por Deus, opiniões jamais poderiam se qualificar como verdades por maiores e mais intensos que sejam os sentimentos que elas suscitam.  Na Bíblia aprendemos a história de Saulo, um judeu que perseguia os seguidores de Jesus Cristo (Atos 8:3).  Após ter uma belíssima experiência pessoal com o próprio Salvador (Atos 9), arrependendo-se de suas opiniões enganadas, ele se tornou o apóstolo Paulo e um dos maiores ícones do Cristianismo.  No Livro de Mórmon também temos um relato de pessoas que mudaram radicalmente de opinião: Alma e os filhos de Mosias.  Na sua juventude, eles consideravam erradas as tradições de seus pais e buscavam destruir a Igreja até que, em resposta a orações de suas famílias, um anjo do Senhor lhes apareceu.    Em Mosias 27 relata-se a história de seu arrependimento e de como desde então buscaram consertar o dano que causaram.

Opiniões, entretanto, podem se disfarçar de verdades porque verdadeiramente são nossas.  Infelizmente muitas vezes justificamos magoar pessoas e chamamos isso de sinceridade.  Mentimos à nossa consciência e damos a nossa falta de amor uma fantasia de virtude.  Nos sentimos confortáveis em fazer comentários ofensivos, em julgar e diminuir nossos familiares e amigos.  Depois que finalmente compreendi, lamento tantas coisas que não posso nem contar.

Podemos escolher proferir apenas palavras amáveis.  Uma boa maneira de começar é guardando nossas opiniões negativas para nós mesmos.  Ficará ainda mais fácil se dermos um segundo passo e evitarmos ter tais opiniões.  Cristo nos ensinou, como registrado em Mateus 12:34-35:

Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.
O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más.

É difícil e sempre foi.  Em Tiago 3:2-13, lemos:

Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo.
Vede também as naus que, sendo tão grandes, e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa.
Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia.
A língua também é um fogo; como mundo de iniqüidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno.
Porque toda a natureza, tanto de bestas feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana;
Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal.
Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.
De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.
Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?
Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos? Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce.
Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria.


Avaliemos nossas verdades.  São fatos ou opiniões?  E esses fatos merecem ser comunicados?  Qual a utilidade deste assunto?